Sambadeira

Sambadeira

Por: Myrian Massarollo 

Esse primeiro artigo obrigatoriamente teria que passar por apresentação, por agradecimento e por explicação, até mesmo para que os leitores entendam minha missão e principalmente meu jeito, meu estilo e meu profundo amor pelo samba e todos os demais ritmos brasileiros incrementados pelas culturas africanas e indígenas. Bora lá! Sou Myrian, sou brasileira de sampa, advogada militante pelo direito das minorias, pedagoga, psicopedagoga, terapeuta, escritora e jornalista. Também dou aulas de dança, ritmos brasileiros e de um curso específico para baianas de escola de samba que acontece no Balneário do Cambuci, e para o qual desde já convido todas as pessoas interessadas. Agradeço profundamente ao Tadeu Paulista e a toda a equipe da Rádio Barra Funda pelo honroso convite para assinar a coluna semanal (eu queria quinzenal ou mensal) “Sambadeira”. “Sambadeira” vem com a missão de falar sobre samba, sobre personalidades e cargos do samba dentro de escolas e de blocos, sobre departamentos tradicionais como o das nossas lindas e maravilhosas Baianas. Falar sobre a história, sobre a teoria e sobre a atualidade também. Pois é, meu povo lindo do samba, não é pouca a missão que me foi dada, e a única forma de tentar dar conta do recado é com leveza, com ginga, com carinho, amor e respeito. E com a colaboração de todos os amantes do samba. Mandem e-mails, mensagens, sugerindo temas e pessoas, apresentando projetos que estão em andamento ou que pretendem colocar em prática em suas escolas e blocos, indiquem as pessoas conhecidas sobre as quais querem saber um pouco mais ou as desconhecidas que merecem ser apresentadas. O mundo do samba é imenso, é enorme, e tem muita coisa que merece ser destacada. Para concluir vamos dizer que sambadeira pode ser substantivo ou adjetivo e diz respeito as mulheres do samba, as mulheres do canto e da dança, as mulheres lá do passado que sambavam em roda nas senzalas em demonstração de força e determinação para manter a cultura ancestral, mulheres que sambavam na areia das beiras dos rios enquanto a roupa quarava ou secava, mulheres que sambavam e ainda sambam nos perseguidos centros de candomblé e de capoeira, mulheres que sambavam, e sambam, nas ruas de todo Brasil. Sambadeira é a mulher que canta e dança, é a mãe que ensina seus filhos a honrar a tradição, é a guerreira que samba nas quadras sorrindo nos sábados e domingos depois de uma semana de trabalho intenso. Sambadeira é a descendente da mulher que dentro do navio negreiro rasgou sua saia e produziu a boneca Abayomi para que sua criança nunca esquecesse sua origem. Sambadeiras somos nós que não esquecemos o passado e que lutamos para que ninguém esqueça. Peço a benção à todas as sambadeiras, e aos homens do samba. Peço a bênção aos meus mais velhos e aos meus mais novos, vamos juntos, em uma corrente de força e de axé honrar o nosso samba.